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Resenha: Introdução (à) Nova Ordem Mundial

nova-ordem-mundial-capaSempre quando se ouve dizer em “nova ordem mundial”, é visível nos olhos de quem ouviu tal expressão o desinteresse ou o desdém preconceituoso. Nada mais natural para alguém que desconhece o assunto. Muitos tem por inexistente aquilo que não conhecem. Mas o fato de uma coisa não ser sabida não quer dizer que ela seja necessariamente inexistente. Pois é nesse caminho que Introdução (à) Nova Ordem Mundial de Alexandre Costa trilha. O autor revela logo no início que o livro é para aqueles que possuem desejo de conhecimento, mas não só isso, mas o conhecimento sem preconceitos: entregando-se àquilo que não se conhece, seja com provas concretas ou (ainda) superficiais.

O assunto é abordado de maneira leve e sem ritos acadêmicos. É uma verdadeiro manual introdutório sobre a nova ordem mundial para leigos ou “analfabetos” no assunto. Muito longe o assunto fica do misticismo, do achismo, da pseudo-intelectualidade ou coisa parecida. Alexandre pede que o leitor não se limite às palavras dele e que vá em busca por contra própria de afirmações ou contestações. Quem está familiarizado com o jornalista do Youtube, Irmão Rubens, pode incrementar a gama de conhecimento fazendo uma relação entre os illuminatis e o plano mundial de dominação pelo comunismo. Na verdade, quem despreza conhecimentos históricos, políticos e filosóficos, sempre terá um conhecimento incompleto da nova ordem mundial. O comunismo é a nova ordem mundial. A nova ordem mundial é o comunismo. Mas o comunismo não acabou com a queda do muro de Berlim? Não! Como? Procure e saberá.

O livro é de fato uma introdução, nada é muito aprofundado, exceto algumas coisas, como por exemplo a revolução cultural apregoada pelo comunista Antonio Gramsci  e aperfeiçoada pela Escola de Frankfurt. Esses dois exemplos não são explorados pelo Irmão Rubens. Os illuminatis não são apenas o único grupo que se pode denominar como “a elite mundial”. Esses, na linguagem política atual, são a “elite globalista”, ou bloco “anglo-saxônico” que não é o único a querer dominar o mundo: está do lado do bloco “russo-chinês” e do “islâmico”. Os três possuem desejos semelhantes, mas correm em pistas diferentes. Se em um futuro eles irão se unir ou colidir, ninguém sabe nada.

No final, o autor recomenda uma série de livros (em inglês e português) de ficção e não ficção, além de documentários e filmes. Não é um livro fruto do acaso, levou dez anos para que Alexandre adquirisse o conhecimento suficiente para transpô-lo para o papel. É vendido no http://www.rarosdaweb.org de forma segura e com entrega rápida.

Aos preconceituosos, a burrice; aos burros, a ignorância.

Aos curiosos, a verdade; a verdade, aos sábios.

Resenha: Cuba, a tragédia da utopia

c_puginaUma coisa leva a outra. Disso, muita gente sabe. Foi assim que conheci o livro Cuba: A Tragédia da Utopia. Descobri o site de notícias Mídia Sem Máscara e logo após descobri que houve uma série de programas de TV com o mesmo nome do portal. Com apresentação do jornalista Olavo de Carvalho, o xou repetia o objetivo do site: divulgar notícias que não eram selecionadas pela (grande) mídia. Em um dos programas, foi entrevistado Percival Puggina, arquiteto e colunista gaúcho que lá esteve falando sobre o livro citado. Imediatamente saí à procura de um exemplar nas livrarias virtuais, mas nada. Até que encontrei um no site da Estante Virtual, porém o preço estava salgado, o que por si só não justifica a minha aquisição, mas por que na época estava com pouco dinheiro. Entrei em contato com o próprio autor, através do blog dele, perguntando se possuía um livro sobrando, mas depois de alguns dias ele negou e disse que para uma nova tiragem seria preciso uma revisão do livro. Dias depois entrei no site do Livronauta e lá havia um exemplar, com preço bem acessível. Pedi na hora e o li rapidamente.

Cuba é um paraíso. Um particular paraíso totalitário que Fidel Castro e seu irmão, Raul, conseguiram construir. Se existe um lugar na banda ocidental do planeta no qual o comunismo chegou ao ápice e 1984 de George Orwell tem quase uma fiel reprodução, este lugar é Cuba. Na cabeça de qualquer estudante inocente, como eu um dia fora, e nas milhares mentes de pessoas manipuladas pela mídia e por professores, Cuba é um local onde as pessoas não sofrem, todas são iguais, o Estado provê tudo, a medicina e a educação possuem altos índices de qualidade etc. E isso tudo, dependendo do ponto de vista das viúvas do comunismo, é verdade. O povo é igual… na miséria. É nivelado por baixo. A educação é boa, cheia de doutrinação marxista. Alcança quase a integralidade das crianças e jovens, mas isso não quer dizer que a qualidade seja compatível com a quantidade (se é que há uma relação entre as duas medidas). A medicina é excelente, também nos padrões de qualidade cubano-marxistas. Médicos formados em uma ilha isolada, sem contato com o mundo exterior e, portanto, sem intercâmbio com universidades de outros países. Tirem suas conclusões. É de se pensar que na cabeça de quem elaborou esse céu, a ilha seja realmente um paraíso. Mas se ela é tudo isso, por que milhares de cubanos tentam fugir de lá todos os anos? Por que até a própria filha de Fidel fugiu no início dos anos 1990? Vai ver porque o padrão cubano de qualidade não é lá essas coisas. O que é bom para Fidel, não é bom para muitos habitantes de lá, nem para os que conseguem atravessar o bloqueio intelectual que protege o país fora dele.

Toda revolução que se preza há inimigos. Os eternos inimigos a serem (ainda) vencidos (e humilhados) no caso cubano são os porcos imperialistas americanos e a ditadura de Fulgencio Batista. Esses dois inimigos rendem louros à revolução castrista que livrou o povo das garras daqueles opressores. Um grande contorcionismo educacional, midiático e propagandístico se faz para incutir na cabeça de todos os cidadãos cubanos (e dos simpatizantes do regime no exterior) que os americanos são os culpados pela miséria através do bloqueio imposto em 1962. No entanto o que praticamente sustenta a economia da ilha é o dinheiro de cubanos que vivem no exterior. Costuma-se dizer que famílias que comem um pouco melhor possuem “fé”, ou seja, família nos Estados Unidos. Em Cuba pode entrar dinheiro, só não pode sair.

Batista é o ditador que embora fosse de esquerda também, era de uma ala light, o que já era suficiente para os irmãos Castro o considerarem inimigo. Mesmo eternizado como governo tirano antes da revolução libertadora, os índices educacionais na época dele eram melhores do que os de hoje, o numero de leitos hospitalares era maior, o PIB era maior e Cuba exportava cultura. Na época de Fulgencio, Cuba não era um paraíso, mas é no mínimo covardia comparar os abusos dele com os de Castro. Para exemplificar, o numero de mortes devido às perseguições políticas nos tempos de Fulgencio chegam a aproximadamente 500. Esse número é superado por Fidel logo nos dois primeiros dias da revolução. Após a tomada do poder, execuções sumárias foram feitas, algumas até em praça pública. Há de se ressaltar que Fidel contou com ajuda do povo, este já enganado pelos discursos inflamados do comandante hábil que diria que não faria as mães cubanas chorarem. No final, fez e faz muitas delas chorarem até hoje.

Puggina passou por situações que lhe causaram mais do que aflição. Medo até. Ao se encontrar com um informante em um restaurante, foi filmado por uma dupla de funcionários do governo, da polícia política, que usaram uma monstruosa filmadora firmada em um tripé. O big brother cubano é muito arcaico, mas eficiente ao partido. Os escritos preciosos que deram origem ao livro foram guardados dentro do sapato, pois havia o sério risco de o autor e a bagagem dele serem revistados na saída no aeroporto. Conta também que pela primeira vez na vida soube o que é estar ilhado literalmente. Para sair de Cuba somente pelo mar ou pelo ar. Não há estradas. Não há pontes.

Mesmo com tanta tristeza, miséria intelectual e perseguição política, parece que os cubanos ainda mantêm a chama da esperança através do humor sutil que tem. Há um ditado que diz que um homem perdeu o papagaio e em anúncios o procura: “Procura-se um papagaio. Recompensa-se que o achá-lo. Seu dono teme que ele compartilhe de suas opiniões políticas”.